Suspeita de fraude na Mega-Sena? Saiba se é verdade ou boato
Há investigações em andamento; algumas irregularidades já constatadas ajudam a alimentar dúvidas sobre a seriedade dos sorteios
- 30/11/2015 16h40 Katia Brembatti
O mais recente boato afirma que “não existe” a casa lotérica do prêmio de R$ 205 milhões. E que os donos seriam ligados a investigados em fraudes. Algumas irregularidades já constatadas na Mega-Sena também ajudam a alimentar dúvidas sobre a seriedade dos sorteios. Por essas e outras, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) protocolou um pedido de informações na Caixa. Há mais de uma década ele reúne suspeitas de lavagem de dinheiro no pagamento de apostas vencedoras.
Mito
Existe, sim, a casa lotérica em que foi feita a aposta que levou R$ 205 milhões no sorteio de quarta-feira (25). Chama-se Wandys e fica na Asa Sul, em Brasília. Circula pela internet uma imagem com os números sorteados, mas o bilhete foi adulterado em algum programa de computador, como Photoshop.
Mito
Não, a casa lotérica não é de Alberto Youssef (ou de um parente próximo). Também não é de em ex-deputado acusado de irregularidades. O nome do dono da casa lotérica Wandys é Nasser Youssef Nasr, um libanês que chegou ao Brasil na década de 50 e que é homônimo do ex-parlamentar.
Mito
Ainda do tempo do Orkut, circula na internet a informação de que a Polícia Federal estaria investigando o peso das bolinhas do sorteio da Mega-Sena. Esse boato já foi desmentido diversas vezes.
Verdade
Um deputado chegou a dizer que tinha acertado 221 vezes na Mega-Sena. Foi João Alves, que ficou conhecido como um dos anões do orçamento. Durante uma investigação, no início dos anos 1990, ele justificou o patrimônio dizendo que era sortudo. João Alves morreu em 2004, em Salvador.
Verdade
Em setembro de 2015, a Polícia Federal deflagrou a operação Desventura, que prendeu suspeitos de irregularidades no pagamento de loterias, entre eles o ex-jogador Edílson. A fraude não estaria relacionada ao sorteio, mas à apresentação de bilhetes falsos usados para reivindicar prêmios não solicitados pelos acertadores.
Verdade
Um homem usou nome falso para sacar um prêmio de R$ 73 milhões em Tocantins, em dezembro de 2013. O caso foi descoberto e envolvia um gerente da Caixa e um suplente de deputado.
Verdade
O senador Alvaro Dias protocolou nesta segunda-feira (30) um pedido de explicações na Caixa. Além de buscar esclarecimentos sobre o problema na divulgação do resultado do concurso 1764, ele quer respostas sobre outros indícios de irregularidades que tenta investigar desde 2005. Com base em dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Alvaro alega que algumas pessoas já “ganharam” mais de 500 vezes na Mega-Sena. Seria uma forma de lavar dinheiro (dar origem lícita para dinheiro ilícito). Há época, um inquérito policial foi aberto e ele afirma que, até hoje, não teve respostas sobre a investigação. A suspeita, segundo o senador, não recai sobre prêmios expressivos, que chamam muita atenção. Ele acredita que prêmios menores são “comprados” para legitimar a origem do dinheiro. Alvaro também pretende cobrar o andamento de um projeto de lei, parado na Comissão de Assuntos Financeiros, que estabelece mecanismos mais rigorosos para o pagamento de prêmios de loteria.
Esclarecimento
Em relação ao concurso nº 1764 da Mega-Sena, a CAIXA esclarece que, exclusivamente na tela inicial das Loterias no site, que é um resumo, houve atraso na atualização dos dados, o que manteve a palavra “acumulou” referente ao sorteio anterior. No entanto, desde o primeiro momento, as informações sobre o referido concurso foram atualizadas normalmente na página específica da modalidade Mega-Sena.
Já a Federação Brasileira das Empresas Lotéricas (Febralot) apresentou repúdio pela propagação de um vídeo nos meios eletrônicos, que coloca em dúvida a idoneidade dos sócios-proprietários da Wandys Loterias, Casa Lotérica instalada em Brasília, onde foi registrada a aposta vencedora do concurso nº 1764 da Mega-Sena. A família Nasr está sendo orientada por advogados, pela representação judicial, pela defesa de sua reputação e imagem, junto aos veículos que reproduziram o referido vídeo.